terça-feira, 18 de setembro de 2007

Detectados 963 focos de calor no Pantanal

O número de focos de calor no Pantanal já chega a 963, no período de junho a 14 de setembro. Os dados são do DPI/Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais, com recorte feito pelo Laboratório de Sensoriamento Remoto da Embrapa Pantanal. A sub-região com mais focos de calor é a Nabileque (275), seguida da Paiaguás (202), de acordo com o analista Luiz Alberto Pellegrin, do laboratório.

A climatologista Balbina Maria Araújo Soriano, pesquisadora da Embrapa Pantanal (unidade da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária, vinculada ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento – MAPA), explica que os focos de calor não representam, necessariamente, queimadas.

Os focos de calor são temperaturas registradas acima de 47º C, com base em dados captados por satélites (INPE).

As queimadas são uma antiga prática de manejo que utiliza o fogo de forma controlada para viabilizar a agricultura ou renovar as pastagens. O incêndio é o fogo sem controle que incide sobre qualquer forma de vegetação, podendo ser provocado por diversos fatores.

As queimadas também têm afetado o clima, porque o gás carbônico contido na fumaça proveniente desse incêndio sobe para a atmosfera e se junta a outros gases aumentando o efeito estufa.

Esses gases formam uma espécie de cobertor cada dia mais espesso, que torna o planeta cada dia mais quente e não permite a saída de radiação solar.

O efeito estufa é um fenômeno natural para manter o planeta aquecido. Se não houvesse o efeito estufa, a temperatura média da Terra seria –18º em vez dos + 15º. O problema, segundo Balbina, é que, ao lançar muitos gases de efeito estufa (GEEs) na atmosfera, o planeta se torna quente demais, podendo levar a graves conseqüências.

Os dados sobre focos de calor referem-se ao Pantanal e incluem vários municípios. Em Corumbá o DPI/INPE registrou de junho a 14 de setembro 407 focos de calor. É o município do Mato Grosso do Sul com maior número de focos, seguido por Porto Murtinho e Aquidauana (153 cada) e Miranda (117).

Balbina disse ainda que o Mato Grosso do Sul aparece como o sexto Estado do Brasil em número de focos de calor, somando 1.148 unidades até a última sexta-feira. O campeão deste ranking é o Mato Grosso, com 9.930 focos, vindo a interferir nas condições atmosféricas de Corumbá. “A fumaça das queimadas que ocorrem em Mato Grosso são transportadas por correntes de ar que chegam ao Mato Grosso do Sul, atingindo a região de Corumbá. Elas se juntam com as condições locais, aumentando a concentração de fumaça, causando problemas à população corumbaense”, explicou a climatologista.

CHUVAS

A Embrapa Pantanal monitora regularmente os parâmetros meteorológicos (chuvas e umidade relativa do ar, etc), coletados na Estação Climatológica de Corumbá, localizada em Corumbá e pertencente ao Inmet (Instituto Nacional de Meteorologia), e na Estação Climatológica de Nhumirim, instalada na fazenda Nhumirim, da Embrapa Pantanal, localizada na sub-região da Nhecolândia. Esta estação mantém convênio com o Inmet.

A pesquisadora acompanha os índices pluviométricos em Corumbá e no Pantanal (fazenda Nhumirim). De acordo com ela, no período de junho a 14 de setembro choveu na cidade apenas 19,2 mm, índice equivalente a 13% da média histórica para este período, que é de 140 mm.

Também de junho a 14 de setembro choveu na Nhumirim 12,2 mm, ou 11% da média histórica para o período, que é de 111 mm.

“O baixo valor de chuva registrado em julho não alterou o quadro de estiagem na região”, afirmou Balbina.

Segundo previsão climática do Inmet e CPTEC (Centro de Previsão de Tempo e Estudos Climáticos), no trimestre que vai de setembro a novembro as chuvas deverão ficar abaixo da média histórica, com grande variabilidade espacial.

UMIDADE

Segundo Balbina, o ar continua muito seco sobre a cidade de Corumbá, devido à influência de uma massa de ar seco atuando sobre a região Centro-Oeste, que inibe a formação de nuvens de chuva.

Os índices mais baixos de umidade relativa do ar em setembro, no período do meio-dia às 16h, variam de 13% a 20%, considerados estado de alerta.

Como conseqüência, a cidade tem vivido nos últimos dias alguns transtornos, como cancelamento de vôos por falta de visibilidade, já que uma névoa cobre o município. Doenças respiratórias e emagrecimento do gado são outros efeitos da estiagem, que é prevista para este período.

Fonte : www.msnoticias.com.br

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